IDENTIFICANDO O ÔMEGA-3 DE QUALIDADE
Antes de mais nada, é importante ter a certeza de que essas gorduras saudáveis provenientes do Ômega-3 sejam de uma fonte confiável, pois os benefícios da suplementação para o organismo dependem do grau de absorção, pureza e concentração da substância. Além disso, com relação aos tipos de ômega, existem diversos tipos de suplementações disponíveis, e a atenção deve ser com relação à proporção e concentração dos ácidos graxos EPA e DHA por cápsula e pureza do óleo de peixe.
Por outro lado, com relação à pureza, é fundamental que a ausência de metais pesados e contaminantes como PCBs (polychlorinatedbiphenyls) e dioxidas (subprodutos industriais) seja garantida. Sabendo disto, podemos citar as diferentes aplicações do ômega na rotina para auxiliar em diversos manejos clínicos.
1-ÔMEGA-3 E ESPORTE
Primeiramente, o uso de ácido graxo Ômega-3 tem sido considerado com um recurso nutricional para o tratamento de lesões musculares relacionadas ao esporte devido às suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras.
Vários mecanismos são responsáveis por esses efeitos benéficos, seja pelo aumento no estímulo celular para a síntese de proteínas – sinalização de mTOR e da fosforilação de p70s6K – ou pelo maior efeito anti-inflamatório através da redução de marcadores pró-inflamatórios, como fator de necrose tumoral (TNF-α) e interleucina (IL-6), que podem estar associados à redução da massa e força muscular.
Um dos mecanismos amplamente conhecidos pelo qual os ácidos graxos Ômega-3 exibem seus efeitos fisiológicos, pode estar em sua capacidade de agir antagonicamente aos ácidos graxos pró-inflamatórios (como ácido linoleico ou ácido araquidônico) dentro das estruturas da membrana celular.
Neste sentido, um estudo recente mostrou que a suplementação diária de óleo de peixe rico em Ômega-3 tem um papel positivo na inibição de rigidez muscular após contrações excêntricas e foi capaz de inibir a perda de força muscular, reduzir dor muscular tardia e melhorar a redução de edema característicos do processo inflamatório em comparação a um placebo. Além disso, a ingestão de ômega todos os dias pode promover menores concentrações de IL1β, IL6, CK, LDH (marcadores inflamatórios) e dor muscular após um exercício excêntrico em atletas.
Os dados acima sugerem que o dano estrutural pode ser reduzido com a suplementação de ácido graxo Ômega-3 quando ingerido por um período anterior ou até mesmo depois da lesão induzida pelo exercício.
Porém, é importante pontuar que variações na ação da suplementação dos ácidos graxos ômega 3 podem existir devido às diferenças na dose de suplemento, tipo de ácido graxo ingerido, nível de condicionamento físico do usuário, tempo de duração da suplementação e intensidade do exercício.
Em suma, a suplementação de Ômega-3 pode desempenhar um importante papel na manutenção da massa muscular e modulação do processo inflamatório, favorecendo mecanismos de sinalização para reduzir o dano muscular induzido pelo exercício intenso e otimizar os processos de recuperação/reparo tecidual em adultos jovens ou idosos.
2- ÔMEGA-3 NA LONGEVIDADE SAUDÁVEL
É sabido que o óleo de peixe atua na prevenção de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, e traz benefícios cardiovasculares. Além disso, estudos confirmam que a suplementação pode reduzir a inflamação em várias outras doenças crônicas, como doenças cardíacas, câncer, diabetes, esclerose múltipla e doenças de Alzheimer e Parkinson.
Tendo isso como fato, podemos inserir a suplementação de ômega para a prevenção e controle das doenças citadas acima.
O ácido docosahexanoico (DHA) e o ácido eicosapentanoico (EPA), constituintes do Ômega-3, são os responsáveis por desempenhar uma série de funções vitais, protegendo contra danos oxidativos e inflamação.
3- COMO AUXILIAR NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO
Primeiramente, a depressão tem etiologia complexa e diversas são as hipóteses de seu surgimento, entretanto, algumas estão relacionadas à neurodegeneração, como a redução da transmissão e plasticidade sinápticas e diminuição das células nervosas do hipocampo. Além disso, estudos têm demonstrado também a relação de transtornos de humor com a deficiência dietética de ácidos graxos poliinsaturados n-3 (Ômega-3) e com o excesso de ingestão e consumo de ômega-6.
Os hábitos alimentares contemporâneos mostram uma proporção desigual no consumo de alimentos pró-inflamatórios (ricos em ômega 6) com o consumo de alimentos anti-inflamatórios, isso se deve principalmente, ao alto consumo de alimentos ultraprocessados influenciados pela cultura ocidental. Fato esse, que justifica a pandemia de doenças crônicas degenerativas.
Neste contexto, a dieta balanceada com a suplementação correta de ômega, podem contribuir direta e indiretamente para o tratamento da depressão, auxiliando nos processos fisiológicos de manutenção da homeostase das células do sistema nervoso central, minimizando assim os efeitos e/ou complicação das doenças neurodegenerativas que compõe o quadro patológico da depressão.
4- SAÚDE DERMATOLÓGICA CONTRA A ACNE
Aqui também iremos citar que as dietas com altos níveis de ácidos graxos poli-insaturados 6 (PUFAs), são mediadores essenciais da inflamação e impactam positivamente a acne. Pensando que a acne é um processo inflamatório, podemos lançar mão da suplementação do ômega para auxiliar no controle deste processo.
Estudos examinaram a gravidade da acne em resposta à suplementação de Ômega-3. A maioria dos estudos neste contexto observam a redução na contagem de lesões inflamatórias após 5 semanas com a suplementação de ômega ricos em EPA e DHA. Da mesma forma, uma melhora significativa na avaliação subjetiva do paciente foi observada após 5 semanas quando comparado ao controle.
Visto isso, o uso correto do ômega, por um tempo correto gera melhora significativa na acne moderada a grave em pessoas acometidas com o problema.
5- ÔMEGA-3 NA CONCEPÇÃO E GESTAÇÃO
Hoje, sabe-se da importância de níveis adequados de DHA para o processo da reprodução e concepção. Além disso, os ácidos graxos Ômega-3 exercem um importante papel em várias funções biológicas do organismo, como no desenvolvimento neurológico e da retina e está associado a desfechos como controle do peso ao nascer, redução da prematuridade e diabetes gestacional na gestante.
Em última revisão bibliográfica, ressalta-se a importância do DHA na gestação. O aumento da ingestão de Ômega-3 pode reduzir em 11% o risco de parto pré-termo antes de 37 semanas e em 42% o risco de parto prematuro antes de 34 semanas.
Considerando esses aspectos, o consumo de ômega antes e durante a gestação poderá prevenir riscos tanto para a mulher/gestante como para o bebê.
PARA FINALIZAR
Finalmente, analisando todas as aplicações e utilizações do ômega na saúde, vimos que a palavra-chave é inflamação. Nesse sentido, os ácidos graxos podem influenciar a inflamação através de uma variedade de mecanismos falados até aqui, incluindo a atuação na superfície celular de sensores intracelulares que controlam a sinalização celular inflamatória.
Então, considerando que grande parte da população é afetada por uma dieta de alimentos ultra refinados e processados, é importante ressaltar a conscientização sobre a melhora do padrão dietético em si com a inclusão do Ômega-3 através da suplementação para potencializar os efeitos positivos das mudanças que serão promovidas no estilo de vida
e alimentação.
Bianca Giacomini – Nutricionista
Nutrição Esportiva e Emagrecimento
REFERÊNCIAS
QUINTERO, Katherin Johana et al. An overview of nutritional strategies for recovery process in sports-related muscle injuries. Nutrire, v. 43, n. 1, p. 1-10, 2018. /
JOURIS, Kelly B. et al. The effect of omega-3 fatty acid supplementation on the inflammatory response to eccentric strength exercise. Journal of sports science & medicine, v. 10, n. 3, p. 432, 2011
Saini RK; keum YS. Omega-3 and omega-6 polyunsaturated fatty acids: Dietary sources, metabolism, and significance – A review. Life Sci. 2018. Doi: 10.1016/j.Lfs.2018.04.049
Middleton P, Gomersall JC, Gould JF, Shepherd E, Olsen SF, Makrides M. Omega-3 fatty acid addition during pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2018;2018(11).
CHHETRY, B.T; HEZGHIA, A, MILLER, J. M et al. Omega-3 polyunsaturated fatty acid supplementation and white matter changes in major depression. J Psychiatr Res. 2016 Apr;75:65-74.
Jung JY, Kwon HH, Hong JS, et al. Effect of dietary supplementation with omega-3 fatty acid and gamma-linolenic acid on acne vulgaris: a randomised, double-blind, controlled trial. Acta Derm Venereol. 2014;94(5):521-525. doi:10.2340/ 00015555-1802 17.
