A prescrição de suplementos é uma estratégia complementar ao plano alimentar visando a adequação do estado nutricional do paciente. O ômega-3 é um dos suplementos mais utilizados no Brasil e que reúne uma vasta literatura científica dos seus benefícios para a saúde, visando bem-estar e qualidade de vida. Mas, o que é o ômega-3? Qual o ômega-3 ideal para o seu paciente? EPA, DHA ou com ambos? Como eu sei se o ômega-3 que estou prescrevendo ao meu paciente é de qualidade? Confira mais nesse guia exclusivo que a Biobalance preparou para você.
Como identificar se o ômega-3 é de qualidade?
Com diferentes opções deste suplemento no mercado, é importante se atentar a algumas características a fim de garantir a prescrição daquele de melhor qualidade, como a concentração de ômega-3, ausência de contaminantes, presença de vitamina E, tipo de cápsula utilizada e ausência de ômega 6 e 9.
Para ser considerado concentrado, o ômega-3 precisa apresentar altas concentrações de EPA e DHA na dose, ou seja, é necessário que o seu paciente consuma uma menor quantidade de cápsulas para atingir a quantidade que você recomenda para ele. Ainda, é fundamental se atentar para a presença de outras gorduras no suplemento: colesterol e ômega-6 devem estar ausentes.
Ainda, é fundamental que seja utilizada uma matéria-prima de qualidade superior, um óleo de peixe obtido de fonte segura e de forma sustentável e que passe por um processo de purificação padronizado. Ainda, é importante que o suplemento apresente certificações que garantam a ausência de contaminantes ambientais, como metais pesados, PCBs e dioxinas.
Ainda, a embalagem do produto não pode ser transparente e a vitamina E deve ser incluída no seu processo de produção, para evitar a oxidação do ômega-3. Outro fator primordial é a cápsula utilizada para o envase do óleo de peixe: as gastrorresistentes são as mais indicadas, uma vez que essa tecnologia faz com que a cápsula seja apenas no intestino, onde o ômega-3 será absorvido e evita assim, desconfortos como refluxo, sabor e hálito de peixe após a ingestão.
Compreendendo os tipos de ômega-3:
O ômega-3 são ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs) podendo ser o ácido α-linolênico (ALA), o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA), sendo que o EPA e o DHA estão presentes em peixes, frutos do mar e algas e o ALA, em algumas plantas, sementes e castanhas. A principal diferença entre eles é em relação à sua biodisponibilidade: o EPA e o DHA são prontamente absorvidos e assim, podem exercer a sua atividade no corpo, enquanto o ALA precisa ser metabolizado, por ação de enzimas existentes no organismo, em EPA e DHA e por isso, é menos biodisponível.
Funções do ômega-3:
Com diferentes benefícios para o equilíbrio corporal, o ômega-3 atua na manutenção das membranas plasmáticas, proporcionando maior fluidez e atuando na sinalização celular, além de atuar na modulação da cascata inflamatória, entre outros benefícios, como na redução do risco de doenças crônicas e neurodegenerativas.
EPA ou DHA?
Apesar de ambos apresentarem efeitos similares, o EPA se destaca pela sua atuação na minimização de processos inflamatórios e da redução dos níveis de triglicerídeos e de colesterol LDL-c. O DHA é essencial para o desenvolvimento visual e neural do bebê e, posteriormente, na proteção neurocognitiva e ocular do adulto e do idoso.
Qual é o ômega-3 ideal para o meu paciente?
Assim, um suplemento de ômega-3 que apresenta concentrações equilibradas de EPA e DHA, pode ser indicado para a prevenção de quadros cardiovasculares e outras condições crônicas, assim como proporcionar benefícios para a saúde intestinal, visando a manutenção do equilíbrio corporal. Já aqueles que apresentam DHA em altas concentrações, são indicados para proteção neurológica adicional, redução de alterações e incômodos oftamológicos, como a Síndrome do Olho Seco e como tratamento adjuvante de quadros neurodegenerativos. Um outro suplemento que pode ser encontrado no mercado é aquele com elevada concentração de EPA purificado (na forma icosapent etil) é indicado para pacientes que precisam reduzir a hipertrigliceridemia, além de apoio coadjuvante no tratamento da hipertensão arterial e da insuficiência cardíaca, assim como na recuperação muscular e dinâmica cardiovascular de atletas.
Assim, de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, a suplementação de ômega-3 é uma grande aliada do cuidado integrado da saúde.
Referência
HEILESON JL, FUNDERBURK LK. The effect of fish oil supplementation on the promotion and preservation of lean body mass, strength, and recovery from physiological stress in young, healthy adults: a systematic review. Nutr Rev. 2020 Dec 1;78(12):1001-1014.
GAMMONE MA, et al. Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids: Benefits and Endpoints in Sport. Nutrients. 2018;11(1):46.
BACKES, J. et al., the clinical relevance of omega-3 fatty acids in the management of hydpertrigliceridemia. Lipids in health and disease 15: 118, 2016.
THOMSEN, B.J. et al. The Potential Uses of Omega-3 Fatty Acids in Dermatology: A Review. J Cutan Med Surg. 2020 Sep/Oct;24(5):481-494.
BHATT, DL,et al. Cardiovascular Risk Reduction with Icosapent Ethyl for Hypertriglyceridemia. N Engl J Med. 2019 Jan 3;380(1):11-22.
WARD, R.E. et al. Omega-3 Supplement Use, Fish Intake, and Risk of Non-fatal Coronary Artery Disease and Ischemic Stroke in the Million Veteran Program. Clin Nutr. v.39, n.2, p.574–579, 2020
PRÉCOMA DB, et al. Atualização da diretriz de prevenção cardiovascular da sociedade brasileira de cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019. FILAIRE E, et al., Effects of 6 weeks of n-3 fatty acids and antioxidant mixture on lipid peroxidation at rest and postexercise. eur j appl physiol. 111(8):1829-1839, 2011.
BOS, J., et al., Effects of omega-3 polyunsaturated fatty acids on human brain morphology and function: What is the evidence?. European Neuropsychopharmacology 26(3):546-561, 2016.
BELKOUCH, M., et al., The pleiotropic effects of omega-3 docosahexaenoic acid on the hallmarks of Alzheimer’s disease. The Journal of nutritional biochemistry 38:1-11, 2016. UAUY, R. Dietary lipids and the brain during development and ageing. Scandinavian Journal of Food and Nutrition 50(2):27-32, 2006.