Estima-se que o número de idosos e adultos com doenças crônicas não transmissíveis relacionadas à idade mais que dobre entre 2019 e 2050. Sabe-se que níveis adequados de ômega-3 e a prática regular de exercício físico podem colaborar para a prevenção de patologias crônicas relacionadas à idade (BISCHOFF-FERRARI et al., 2020).
Dano muscular induzido pelo exercício físico
O exercício excêntrico apresenta maior alongamento das fibras musculares e principalmente protocolos excêntricos novos ou de alta demanda de força, assim, é possível produzir danos substanciais nessas fibras. Essa intensidade vigorosa é capaz de levar ao dano muscular induzido pelo exercício e causar sintomas como dor, edema, perda de potência, redução da amplitude do movimento e recuperação prejudicada (KYRIAKIDOU et al., 2021).
Esse quadro pode comprometer o desempenho do exercício devido à redução da força de 20 a 50% e a recuperação total do músculo pode levar de 2 a 7 dias. O processo é acompanhado por uma resposta inflamatória com liberação de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6), interleucina-10 (IL-10) e proteínas de fase aguda, como creatina quinase (KYRIAKIDOU et al., 2021).
Portanto, estratégias para reduzir dano muscular e inflamação podem auxiliar na manutenção do desempenho físico e na recuperação muscular.
Ação anti-inflamatória do ômega-3
Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3, especialmente ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosa-hexaenoico (DHA), têm sido reconhecidos como uma estratégia viável para atenuar a inflamação muscular e melhorar a recuperação funcional após exercícios, principalmente, de alta intensidade.
Isso porque o ômega-3 parece regular negativamente a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α e IL-6, diminuindo, então, espécies reativas de oxigênio e resposta inflamatória (KYRIAKIDOU et al., 2021).
No teste controlado e aleatório de Kyriakidou et al. (2021), foi avaliado a o efeito da suplementação de 3g/dia em homens saudáveis por 4 semanas. Após esse período, foi realizado um protocolo de corrida e avaliados os parâmetros, como creatina quinase (CK), IL-6 e fator de necrose tumoral (TNF-α); além de dor muscular percebida, contração isométrica voluntária máxima e potência de pico, que foram quantificados pré, pós e 24, 48 e 72 horas após o exercício.
Os resultados mostraram que a dor muscular foi significativamente menor no grupo que recebeu suplementação de ômega-3 e que IL-6 foi aumentada no grupo placebo, o que não aconteceu com os indivíduos que foram suplementados.
Os achados indicam que a suplementação de ômega-3 em praticantes de atividade física pode auxiliar na recuperação -reino e, consequentemente, manter o bom desempenho nos treinos subsequentes.
Referência
BISCHOFF-FERRARI, Heike A. et al. Effect of Vitamin D Supplementation, Omega-3 Fatty Acid Supplementation, or a Strength-Training Exercise Program on Clinical Outcomes in Older Adults: the do-health randomized clinical trial. Jama. Suíça, p. 1855-1868. 10 nov. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33170239/. Acesso em: 30 mar. 2022.
KYRIAKIDOU, Yvoni et al. The effect of Omega-3 polyunsaturated fatty acid supplementation on exercise-induced muscle damage. J Int Soc Sports Nutr. Itália, p. 1-11. 13 jan. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33441158/. Acesso em: 30 mar. 2022.