A microbiota intestinal é composta por colonizadores microbianos do intestino, estando relacionada diretamente com as diversas variáveis que contribuem para a saúde de um indivíduo, sendo essencial no desenvolvimento do sistema imunológico, apresentando um importante papel na saúde e na doença (ÁLVAREZ et al., 2021).
Entretanto, também há, outras variáveis que podem influenciar no estado de saúde como a genética, estilo de vida, alimentação e o meio que se vive (ÁLVAREZ et al., 2021). O ômega-3 como sabemos, é um ácido graxo poli-insaturado, sendo considerado um ácido graxo essencial, ou seja, é necessário que seja consumido através da dieta, pois o corpo humano não o produz em seu organismo (FU et al., 2021). Ele é derivado principalmente de peixes de águas profundas como o salmão, sardinha, cavala ou de organismo marinhos. É relatado pela literatura que o ômega-3 participa diretamente da regulação e manutenção intestinal, estando relacionado à microbiota intestinal (FU et al., 2021).
Qual o impacto que o ômega-3 tem sobre a microbiota intestinal e a imunidade?
A microbiota intestinal de cada indivíduo é única, sendo desenvolvida rapidamente na primeira infância e mostrando poucas variações ao decorrer da vida adulta. É importante ressaltar que, a maturação do sistema imunológico ocorre simultaneamente à colonização microbiana (PAROLINI, 2019). Tendo também a atuação de células imunes juntamente com as células epiteliais intestinais, onde em conjunto reforçam a função de barreira que previnem as infecções da mucosa afim de manter uma relação associada com a flora intestinal (PAROLINI, 2019).
O desequilíbrio da microbiota intestinal tem importantes impactos na tolerância imunológica e hipersensibilidade nos tecidos intestinais e extraintestinais. Sendo assim, uma alimentação equilibrada e saudável traz um bom funcionamento para todas as áreas do corpo humano, incluindo também o sistema imune (GUTIÉRREZ et al., 2019; PAROLINI, 2019). Foi descoberto que alguns fatores dietéticos apresentam propriedades imunorreguladoras, incluindo os ácidos graxos. Há diversos estudos que há décadas investigam o impacto que o ômega-3 tem sobre o sistema imunológico (GUTIÉRREZ et al., 2019).
O ômega-3 exerce efeitos consideráveis na microbiota intestinal, entre suas interações com o sistema imunológico e na interação hospedeiro-microbiota. À vista disso, a microbiota intestinal modula direta ou indiretamente as respostas fisiológicas e imunes no hospedeiro (FU et al., 2021). Os estudos mostram que esse ácido graxo pode modular diretamente a abundância e diversidade da microbiota intestinal, o que por sua vez, pode esclarecer os benefícios que traz à saúde ao fazer o uso do mesmo (FU et al., 2021). Além disso, também é documentado que o ômega-3 traz um efeito inibitório em diversas bactérias presentes na microbiota intestinal, diminuindo bactérias maléficas e aumentando bactérias benéficas que atuam na produção de agentes mediadores anti-inflamatórios (FU et al., 2021).
Quais são os benefícios da suplementação de ômega-3?
A European Food Safety Authority (EFSA) conclui que os ácidos graxos presentes no ômega-3 (EPA e DHA) auxiliam a manter os níveis da função cardíaca normais, impactando também na pressão arterial e nas concentrações sanguíneas normais dos triglicerídeos na população em geral (INNES; CALDER, 2020) Além disso, como relatado acima o ômega-3 tem um importante papel na microbiota intestinal, restaurando a composição da microbiota intestinal que por sua vez poderá aumentar a produção de diversos compostos anti-inflamatórios, sendo benéfico também para o sistema imune (FU et al., 2021).
Vale ressaltar que ômega-3 pode ser amplamente ingerido através de uma alimentação adequada com os alimentos fontes, como peixes de águas frias e também através da suplementação. Sendo que, a suplementação de ômega-3 pode favorecer a adequação das necessidades individuais (FU et al., 2021).
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REFERÊNCIAS
ÁLVAREZ, Julia et al. Microbiota intestinal y salud. Gastroenterología y Hepatología, [S.L.], v. 44, n. 7, p. 519-535, ago. 2021. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.gastrohep.2021.01.009. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33652061/. Acesso em: 25 abr. 2023.
FU, Yawei et al. Associations among Dietary Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids, the Gut Microbiota, and Intestinal Immunity. Mediators Of Inflammation, [S.L.], v. 2021, p. 1-11, 2 jan. 2021. Hindawi Limited. http://dx.doi.org/10.1155/2021/8879227. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33488295/. Acesso em: 25 abr. 2023.
GUTIÉRREZ, Saray et al. Effects of Omega-3 Fatty Acids on Immune Cells. International Journal Of Molecular Sciences, [S.L.], v. 20, n. 20, p. 5028, 11 out. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/ijms20205028. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31614433/. Acesso em: 25 abr. 2023.
INNES, Jacqueline K.; CALDER, Philip C. Marine Omega-3 (N-3) Fatty Acids for Cardiovascular Health: an update for 2020. International Journal Of Molecular Sciences, [S.L.], v. 21, n. 4, p. 1362, 18 fev. 2020. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/ijms21041362. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32085487/. Acesso em: 26 abr. 2023.
PAROLINI, Cinzia. Effects of Fish n-3 PUFAs on Intestinal Microbiota and Immune System. Marine Drugs, [S.L.], v. 17, n. 6, p. 374, 22 jun. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/md17060374. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31234533/. Acesso em: 25 abr. 2023.
